Série “Mulheres pesquisadoras”: as narrativas do futebol no rádio

Além de jogar, torcer, ir ao estádio e trabalharem com futebol, as mulheres também ajudam a construir conhecimento sobre esse esporte. O Artilheiras traz a partir de hoje a série “Mulheres Pesquisadoras”, que vai contar a história de mulheres que decidiram pesquisar e estudar mais sobre isso. A paixão da torcida e as produções voltadas para o futebol são alguns dos objetos de pesquisa.

Nossa primeira conversa foi com a jornalista Mel Pinheiro, que fez seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre o esporte.  A pesquisa intitulada “Rádio e futebol: Uma análise das narrações radiofônicas de futebol no Pará ontem e hoje” é de caráter exploratório e foi construída através de relatos dos próprios personagens que ajudaram a construir esta história.

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Como a pesquisa fala sobre rádio e narração, o Artilheiras resolveu trazer essa entrevista neste mesmo formato. Então, vem ouvir e descobrir como as narrações sobre o futebol foram e são construídas e a importância do rádio para este esporte. Tá esperando o que?

Os povos indígenas e a paixão pelo futebol

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A paixão dos índios brasileiros pelo futebol não se explica apenas pela influência da cultura não indígena sobre os primeiros habitantes do país. Na Amazônia, há relatos de que etnias já desaparecidas  praticavam o jogo de bola com os pés. Mas a arte futebolística herdada dos ancestrais não é expressa apenas pelo acompanhamento e torcida  nos campeonatos dos clubes tradicionais do Brasil. Há os torneios oficiais disputados por vários povos indígenas e, é muito comum, quando se visita uma aldeia  no meio da tarde, encontrar os guerreiros disputando uma pelada de futebol. Tem muito índio bom de bola por aí.

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Foi no dia 19 de abril de 1979 que se organizou pela primeira vez uma seleção indígena para disputar uma partida de futebol, o jogo foi contra o Centro de Ensino Unificado de Brasília- CEUB. As etnias participantes foram Terena, Bakairi, Karajá, Tuxá e Xavante. A equipe indígena se apresentou em vários estádios brasileiros, inclusive no Maracanã. A primeira competição oficial foi em 1985, quando uma delegação indígena disputou os XIV Jogos Escolares Brasileiros realizados na cidade de São Paulo.

Futebol é modalidade de destaque nos Jogos dos Povos Indígenas

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Em 1996 foi realizada a primeira edição dos Jogos dos Povos indígenas. O lema do evento é: “O importante não é competir e sim celebrar”. Organizados pelo Comitê Intertribal Indígena com o apoio do Ministério dos Esportes, os jogos têm como objetivo e a integração das várias etnias, o resgate e valorização das culturas tradicionais. As partidas de futebol são disputadas por times masculinos e femininos e as regras obedecem aos padrões da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com exceção do tempo que é de 50 minutos, com dois tempos de 25 cada. Segundo a concepção dos jogos, o importante é destacar o aspecto integrador do esporte e o respeito humano às sociedades indígenas.

Time feminino do Pará é campeão dos jogos indígenas de 2013

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As mulheres sempre tiveram participação importante no desenvolvimento das sociedades indígenas, nos jogos tribais não é diferente. Em todas as edições, os times femininos de futebol têm grande popularidade. Várias equipes disputam o torneio e, neste ano de 2013, as campeãs foram as índias paraenses. O time das Gavião Parkateje, da cidade de Marabá enfrentou as Kura-Bakariri do Mato Grosso em uma final de muita emoção.

Logo nos sete minutos do primeiro tempo, a camisa dois, Kwxrekati, fez o único gol do primeiro tempo. Na segunda etapa as índias matogrossenses pareciam que iam reagir, mas a jogadora Jonatana do time paraense fez o segundo para a nação Parkatege. Nos últimos minutos a representante de Mato Grosso, Arine Bakairi fez o gol de honra das Kura-Bakari, mas não havia mais tempo e a seleção do Pará sagrou-se campeã.

Ana Lúcia Oliveira

De torcedoras a cartolas

O Campeonato Brasileiro 2013 acabou e vai deixar saudades nos domingos e quartas até que comece o próximo em 2014. O que também deixará saudade até o ano que vem é uma das invenções mais interativas e divertidas já criadas para os amantes do futebol: o Cartola FC.

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O game fantasy é um jogo fictício- como o nome já diz- criado pela Globo e promovido pelo Sportv, onde os participantes podem montar seu próprio time com os jogadores reais que disputam a Série A do Brasileirão. Se você não conhece, vem que o Artilheiras vai te explicar.

Como funciona?

No início de cada temporada do Campeonato Brasileiro, todos os jogadores e técnicos dos times da Série A recebem um valor virtual em Cartoletas (moeda imaginária que corre nas transações do jogo), que vai sendo modificado de acordo com seu desempenho no decorrer do campeonato.

Cada usuário do Cartola recebe um valor inicial de C$ 100 (cartoletas) para escalar seu time,que aumenta ou diminui com a valorização ou desvalorização dos jogadores escalados.

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Você cria um time, com direito a camisa, nomes legais e escudo, define seu esquema tático e pronto.  Daí é só usar o raciocínio e suas habilidades como técnico e bom entendedor de futebol para escalar a cada rodada os jogadores que quiser e que suas cartoletas puderem pagar.

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O legal de tudo isso é que você está concorrendo em ligas, podendo ser criadas por você, privadas, nacionais, de acordo com o time que torce ou “patrocinador” que você escolhe.

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Qual é o objetivo inicial do jogo? Obter mais pontos que seu adversário, mostrando seus conhecimentos futebolísticos.

Quais são os objetivos secundários? Te deixar cada vez mais ligado em todos os jogos e lances a cada rodada. Quem joga no Cartola não assiste somente ao jogo do time que torce e os de maior importância para a movimentação da tabela. Os cartoleiros tem uma diversão garantida enquanto durar o Brasileirão, mesmo que seu time de coração não esteja bem no campeonato, esperam ansiosamente por cada rodada e acompanham simultaneamente os lances pela TV e os scouts na internet.

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A experiência do game faz você fazer coisas que não imagina que faria antes, como torcer pro time que mais detesta só por que escalou o atacante dele, ou torcer pro time rival ao seu não levar gol, pra garantir uns pontinhos a mais com o saldo de gol.

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Mas você deve tá perguntando, por que só resolvemos falar sobre o game depois que o campeonato acabou? E a resposta é: porque as mulheres também estão por lá. E essa presença só aumenta a cada ano de Brasileirão e de Cartola. É o caso da pernambucana de 26 anos Thiane Carvalho, turismóloga e blogueira de futebol. O amor pelo futebol tá no sangue, veio com influência das referências familiares, seu pai Georgeton foi jogador de futebol, defendendo a camisa do Íbis, conhecido por ser o pior time do mundo; e seu avô paterno Carijó foi goleiro do Sport de Recife.

thianeDessa forma, não tinha como Thiane fugir do amor por esse esporte assim como de outro amor que veio ainda na infância, o pelo clube do Corinthians ao acompanhar os jogos pela TV. A paixão pelo Cartola, por sua vez, começou em 2010 quando ao entrar na página do Globo Esporte, a corinthiana viu o anúncio do game e resolveu ver como seria seu desempenho como técnica. “No começo jogava pra me divertir e era muito clubista, não pontuava muito bem, às vezes pontuava bem demais e com o passar do tempo fui entendendo as regras e a melhor maneira de pontuar e juntar cartoletas, como faço parte de uma equipe de cartola, me aprofundei mais a entender todos os aspectos do jogo e a cada semana eu montava a equipe visando um objetivo diferente, mas sempre colocando algum jogador do Corinthians”, conta Thiane.

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O fato de ser uma das responsáveis e musa do Loucos por Cartola, site que dá dicas aos cartoleiros, fez com que ela procurasse entender melhor como montar seu time, o Gavião do Norte, para adquirir uma pontuação cada vez maior: “Escalando jogadores dos times que estão se saindo melhor no campeonato e que irão jogar contra a equipe mais fraca, como contra o Náutico nesse ano. Utilizando esse mesmo critério, escalo jogadores que negativaram na rodada passada para que na atual eles valorizem gerando assim patrimônio, dessa forma o desempenho do meu time vem melhorado bastante”.

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Outra que joga desde quando começou o game é a vascaína Daniele Fernandes. A dona da página Futebol e Cartola FC no Faceboook que já tem mais de 6.300 curtidas, não esconde sua paixão pelo Vasco, mas tenta ser imparcial sempre na página que administra sozinha. “É muito trabalho porque é em tempo real os jogos, os gols e as noticias. Com a internet é tudo muito rápido, então to sempre online tanto em casa como no meu trabalho “, conta Daniele ao falar da rotina da FanPage.

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Seu time no game leva o mesmo nome da sua página “Futebol e Cartola FC”, e enquanto o ano que vem não recomeça pra mais uma temporada do game, a página traz notícias, informações e diversão aos seus seguidores.

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As duas representantes do protagonismo feminino no futebol se orgulham de fazer parte desse ciclo de mulheres que vão ao estádio, assistem aos jogos, praticam o esporte, debatem e entendem sobre futebol “Com a queda dos preconceitos, a mulher chega a uma igualdade na questão de qualidade de vida, joga bola, cuida do corpo e continua a usar brincos e batom sem perder a feminilidade”, finaliza Daniele.

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Se você já é um (a) cartola, sei que já está ansioso para o próximo Brasileirão. Se você ainda não é, não sabe o que tá perdendo.

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O campeonato acabou. É hora de enrolar a bandeira.

Bom, agora não tem choro e nem vela. O campeonato brasileiro da serie A de 2013 terminou e com ele, sentimentos de alegria e decepção marcaram o último dia da divisão especial do futebol brasileiro. Pra quem não tava tão a par da situação, este post vai te mostrar um panorama do torneio e quem ficou no tão buscado G4, e no tão temido Z4.

Vamos começar com alegria no rosto: o G4.

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Cruzeiro, Grêmio, Atlético do Paraná e Botafogo terminaram o campeonato no grupo mais cobiçado da tabela. O Cruzeiro chegou ao 76 pontos e se tornou tri campeão brasileiro. O time mineiro levantou a taça também em 2003, primeiro ano de pontos corridos, e em 1966, quando o brasileirão tinha o nome de “Taça Brasil”. Vale a pena dizer que a raposa das Gerais foi campeão com quatro rodadas de antecedência.

O Grêmio com 65 pontos foi o vice campeão. No Brasil, esse título não vale muita coisa mas no campeonato, ser vice campeão significa “libertadores no ano que vem”. Pelo menos os gremistas não vão ficar com as mãos abanando.

O Atlético do Paraná ficou em terceiro com 64 pontos, também está na Libertadores e de quebra, fez o artilheiro do campeonato: Éderson com 21 gols.

E a estrela solitária de Niterói, o Botafogo, foi o quarto com 61 pontos. Antes que você, botafoguense, dê seu pulo de alegria por estar na libertadores, segure sua empolgação. Se a Ponte Preta ganhar a decisão da copa sul-americana diante do Lanus da Argentina nesta quarta feira, o quarto representante brasileiro será a macaca de campinas e isso se confirmando, os botafoguenses só vão jogar libertadores no videogame. Se a Ponte perder, ai sim, você pode se preparar para torcer pelo botafogo na maior competição de clubes da América Latina. Então esta quarta-feira será o dia em que os botafoguenses estarão com os olhos na TV e os dedos cruzados (incluído este que vos escreve).

Vamos ao momento Ufa! do post.

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Portuguesa, Internacional, Criciúma e Coritiba se safaram na última rodada. Os dois primeiros só precisavam empatar para se salvarem e eles conseguiram. Empataram seus jogos. O Coritiba precisava vencer fora de casa e conseguiu. Venceu o São paulo de 1×0 e vai jogar a série A ano que vem. Já o Criciuma, esse é um time “largurento”. Tinha que ganhar seu jogo mas perdeu pro Botafogo e ainda dependia de um tropeço do Vasco. E foi isso que aconteceu. Atlético 5×1 Vasco.

Agora a parte triste, horrível, ou em bom paraenseis, “muito palha” da tabela: o Z4.

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Fluminense, Vasco, Ponte preta e Vasco. Estes foram os times classifi..ops! rebaixados a série B. Começando por baixo, o Náutico com seus ínfimos 20 pontos,  já sabia que ia  pra lá há muito tempo, mas precisamente faltando seis rodadas para acabar o campeonato. Só que os pernambucanos não vão ficar sem um representante na série A: o Sport volta á divisão especial em 2014 com a terceira posição na série B deste ano.

A Ponte preta também caiu com seus 37 pontos e como diria aquele apresentador: Ai eu te pergunto? Como que um time é rebaixado e está em uma decisão de sul-americana? Coisas do futebol. A Ponte se classificou ano passado quando ficou em 14º lugar no campeonato brasileiro.

Agora chegamos no momento mais dramático: o rebaixamento do Fluminense e do Vasco.

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As duas torcidas que viveram um verdadeiro pesadelo, acabaram vendo o pior. Nunca dois grandes clubes do Rio de Janeiro foram rebaixados e mais: é a primeira vez que um time campeão do ano anterior (Fluminense foi campeão em 2012) é rebaixado no ano seguinte. Fluminense e Vasco  terminaram com 46 e 44 pontos respectivamente. O primeiro tinha que ganhar o último jogo e torcer para que o Coritiba perdesse. O Flu fez o mais difícil, ganhou o jogo contra o Bahia mas o Coritiba ganhou o São Paulo. Resultado: série B para o tricolor do Rio. O Vasco precisava vencer fora de casa para poder respirar um pouco melhor mas acabou perdendo para o Atlético do Paraná, em um jogo marcado pelo câncer que insiste em se alastrar no futebol brasileiro: a violência entre as torcidas.

Bom, o campeonato acabou e agora resta a gente se preparar pra comer muito no natal e ano novo e …não peraí!, ano que vem é de Copa do mundo, e é também de libertadores, sul-americana,  Copa Verde , Copa do Nordeste, Copa do Brasil, Liga dos Campeões, Campeonato Paraense, a pelada no final de semana, enfim… vai ser um ano de muito futebol. Pra quem gosta do esporte bretão, vai se esbaldar, mas pra quem não gosta, uma dica. Comprem um PS4. Opa! foi mal…esqueci que ele ainda tá custando R$4,000.

Helder Ferreira

O Papão da Curuzu e a Guerra do Paraguai

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O que a Guerra do Paraguai (1864) tem a ver com o Paysandu Sport Club? O estádio do Paysandu está localizado no bairro do Marco em Belém do Pará. Muitas ruas receberam denominações em referência a episódios e a combatentes da guerra. A avenida Almirante Barroso foi em homenagem ao comandante da batalha de Riachuelo que deu vitória ao Brasil. A rua Barão do Triunfo recebeu essa denominação para lembrar o militar que liderou as tropas brasileiras na batalha de Tuiucué. A rua Humaitá foi a mais temida fortificação Paraguaia e a travessa Itororó foi a primeira batalha do que ficou conhecido como dezembrada, uma série de lutas que enfraqueceram o exército paraguaio. 

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A rua Lomas Valentina refere-se  à localidade onde foi erguido um novo quartel do Paraguai depois de uma derrota para as tropas brasileiras. A travessa Angostura foi um forte ocupado pelo exército brasileiro.  A rua Perebebui foi uma batalha estratégica para o controle da capital do Paraguai. A travessa Vileta foi um porto tomado pelo exército brasileiro. A rua Visconde de Inhaúma homenageia o Ministro da Marinha que comandou a esquadra brasileira em operações da guerra.  Marques de Herval foi comandante da cavalaria brasileira e denomina uma outra rua do bairro. A avenida Duque de Caxias é em homenagem ao general do Exército brasileiro. E a rua Curuzu, onde está fortificado hoje o quartel-general do Papão da Curuzu?

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Curuzu foi uma grande batalha da Guerra, ocorrida entre 1º e 3 de setembro de 1866. Às 7: 30 da manhã, a esquadra brasileira, com vários encouraçados, atacou o forte de Curuzu e após 3 dias de batalha, o forte foi dominado pelo exército do Brasil. A Guerra do Paraguai foi o maior conflito bélico já ocorrido na América do Sul, o Paraguai saiu destroçado com 80% de sua população morta, um triste momento da história daquela, então, jovem e próspera nação. A guerra foi motivada por interesses econômicos pelo controle da região do Rio da Prata no Sul das Américas.

2003: Segunda Guerra entre  Brasil e  Paraguai

No ano de 2003, pela Guerra das Libertadores das Américas, estiveram em campos opostos novamente Brasil e Paraguai. O exército brasileiro foi representado pelo Paysandu Sport Club, no campo oponente, o time Paraguaio Cerro Porteno. A batalha se deu no Estádio do Mangueirão e não foi o primeiro embate entre os times, em 1957 o Papão já havia goleado o Cerro por 3 X 0. Os Portenhos achavam que, na Libertadores, iriam dar o troco, mas o time paraense estava bem armado e aplicou uma fragorosa derrota de 6 a 2 no adversário.

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Na batalha do Mangueirão o Papão da Curuzu conseguiu um feito jamais realizado por outro time da região norte, seguiu na competição da Libertadores da América. Não chegou ao final, mas se depender do espírito guerreiro do Paysandu, esta batalha ainda vai ser ganha. Avante bicolores!

O Remo, o hino e o poeta

Você, remista, que vai ao estádio e fica rouco de tanto repetir os refrãos do hino do seu time querido, sabe quem foi o abençoado que compôs aquelas rimas perfeitas que seduzem o seu coração?

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O autor de “atletas azulinos somos nós…” é um paraense nascido em Icoaraci, dono de uma biografia poética já conhecida, mas nem sempre lhe é atribuído o feito de unir em uma só voz milhares de torcedores do Leão. Estamos falando de Antônio Tavernad, o poeta da Vila, nascido em 10 de outubro de 1908 na ainda chamada Vila de São João do Pinheiro, atual Icoaraci. Aos dezenove anos obteve o segundo lugar no concurso de Contos Nacionais da Revista Primeira, foi editor da revista A Semana, importante publicação da década de 1930 em Belém.

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Remo, Filho da Glória e do Triunfo!

Ao que tudo indica Tavernard traduziu para os versos do hino o amor que tinha pelo time. Pouco se sabe da relação do poeta com o clube, mas um artigo de sua autoria, de 15 de agosto de 1931 publicado no Jornal A Folha do Norte intitulado “Remo o filho da Glória e do Triunfo”, revela a paixão que explicaria a composição da letra do hino:

Há vinte e seis anos ele nasceu da conjugação magnífica, quase olímpica do ideal com a mocidade. Encimou-lhe o berço o signo deslumbrante dos grandes predestinados. Ainda criança foi forte, Hércules menino, teve que sufocar as serpentes da inveja e da perfídia. Cresceu, agigantou-se. O destino deu-lhe compleição de aço e espírito de diamante. Mostrou-lhe muito ao longe, no píncaro da vertiginosa montanha, resplandescente e maravilhosa como o velocino de ouro ou o vaso de Graal, a sua finalidade. E ele avançou subindo, galgando vitórias, escalando apoteoses. Ele – o perfeito! Ele – o Inimitável! Ele – o Clube do Remo!”

Então, caríssimo torcedor do Remo, quando você ouvir o hino do seu amado Clube, saiba que foi este remista de Icoaraci, poeta jovem, quem emprestou seu lirismo poético para a paixão do futebol. Quer cantar junto? Estão aí para você a letra e a música, aproveite!

Letra Hino do Remo

Atletas azulinos somos nós,

E cumpriremos o nosso dever,

Se um dia quando unidos para a luta,

O pavilhão soubermos defender.

Enquanto a azul bandeira tremuleja,

O vento a beija, como a sonhar,

E honrando essa bandeira que flameja,

Nós todos saberemos com amor lutar.

E nós atletas temos vigor,

A nossa turma é toda de valor (bis).

Nós todos no vigor da mocidade,

Vamos gozando nessa quadra jovial,

E nós, os azulinos da cidade,

Rendemos viva ao nosso ideal.

Em cada um de nós mora a esperança,

Essa pujança, nosso ideal,

E porque somos do Clube do Remo

No nosso amor diremos que não tem rival

E nós atletas temos vigor,

A nossa turma é toda de valor (bis).

As maiores torcidas femininas do Brasil

São mais de 200 milhões de brasileiros, sendo 51% composto por mulheres.  Deste total, 68,9% torcem para algum time de futebol, o que corresponde a 67, 6 milhões de torcedoras.

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Os dados são da Pluri Consultoria, empresa especializada em consultoria em esporte. A pesquisa feita no ano passado apontou quais são os 20 clubes brasileiros com as maiores torcidas femininas, que representaram 88, 6% da preferência total das torcedoras.

O ranking segue as mesmas posições do ranking da torcida geral em seus 10 primeiros lugares. O clube com a maior torcida feminina é o Flamengo, com 14,1 milhões de torcedoras, o que equivale à 14% da população feminina do Brasil.

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Em seguida, aparece o Corinthians, com 11,8 milhões de torcedoras.

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…e o São Paulo com 7 milhões.

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A partir daí, o destaque vem para o Bahia, o 13° no ranking geral é o 11° no ranking feminino, superando os cariocas Fluminense e Botafogo. 

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Ainda sim, segundo a pesquisa as mulheres ainda não mostram o mesmo interesse pelo futebol como os homens, pois 31% da população feminina entrevistada não torce para nenhum time, contra apenas 11% dos homens. Na análise da proporção da torcida feminina em relação à torcida geral, os times mais populares são os que apresentam maiores percentuais de mulheres torcedoras.  As mulheres compõem 48,4% do total da torcida flamenguista e 48,6% da torcida corinthiana. As outras torcidas com maior percentual de torcedoras foram a do Gremio com, 45,9%, o Bahia com  45,7% e o Vitória com 45,6%. A pesquisa não aponta dados relacionados aos times paraenses.

Ainda sim, segundo a pesquisa as mulheres ainda não mostram o mesmo interesse pelo futebol como os homens, pois 31% da população feminina entrevistada não torce para nenhum time, contra apenas 11% dos homens. Na análise da proporção da torcida feminina em relação à torcida geral, os times mais populares são os que apresentam maiores percentuais de mulheres torcedoras.  As mulheres compõem 48,4% do total da torcida flamenguista e 48,6% da torcida corinthiana. As outras torcidas com maior percentual de torcedoras foram a do Gremio com, 45,9%, o Bahia com  45,7% e o Vitória com 45,6%. A pesquisa não aponta dados relacionados aos times paraenses. Abaixo o ranking:

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Os números provam que o público feminino no futebol só cresce e faz pensar o que tem sido feito pelos clubes para atrair cada vez mais mulheres.  Algumas medidas ainda precisam ser tomadas no futebol brasileiro e na cultura em torno desse esporte, que vai desde a segurança e higiene nos estádios  ao respeito e tratamento da mulher de igual para igual nas campanhas e nos campos.

O campo de futebol também é delas

Já é notório que as mulheres são cada vez mais vistas acompanhando futebol tanto em casa quanto nos estádios. Na semana em que Belém recebeu dois grandes jogos decisivos pelo Campeonato Brasileiro da Série B, eu, Helder Ferreira, fui a campo para ver o quanto que as torcedoras paraenses gostam de futebol, testemunhar a frequência delas no campo, e reparar na estrutura oferecida pelo estádio olímpico do Pará, o mangueirão, para elas.  

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Nos dois jogos que cobri, do Paysandu contra o Palmeiras na terça dia 19/11, e contra o Bragantino no sábado dia 23/11, percebi principalmente no primeiro jogo, a grande participação das mulheres no estádio torcendo pelo bicolor paraense. Também notei muitas torcendo pelo time paulista. Em sua imensa maioria acompanhadas por seus maridos, namorados, ou ao lado da família. Era difícil ver alguma mulher sozinha se deslocando ao “Olímpico do Pará”. Outra presença marcante foi de pequenas torcedoras que, ao lado do pai ou de sua família, engrossavam o coro incentivando o time bicolor.

Foto do jogo Paysandu e Palmeiras.

Foto do jogo Paysandu e Palmeiras mostrando a presença das mulheres no estádio.

Mesmo com a grandiosidade do principal estádio do Pará, com sua capacidade de 45.007 torcedores e seus 5.076 vagas de estacionamento, a estrutura oferecida para o público feminino é bastante precária. Por exemplo, na parte do estádio destinada ao torcida do Paysandu, o setor B, local onde a maioria do publico se localizava, só se podia ver apenas um banheiro feminino, onde se podia observar algumas funcionárias do estádio atendendo as mulheres que iam ao local.

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Foto do único banheiro feminino no setor B, do mangueirão.

A torcedora Solange Lopes se queixa da estrutura do estádio. Ela menciona a qualidade dos banheiros como um dos grandes defeitos da arena esportiva paraense. Outra torcedora que não quis se identificar, também apontou o mesmo defeito, além da falta de segurança ao redor do estádio. Segundo a Assessoria do Governo do Estado, 480 homens da Polícia Militar do Pará (PM) trabalharam no policiamento do jogo entre Paysandu e Bragantino, contando com o apoio de viaturas e motocicletas.

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A doméstica Benedita da Silva, torcedora do Paysandu.

A doméstica Benedita da Silva é uma torcedora especial. Vestida da cabeça aos pés com as cores do Paysandu, ela chegou cedo ao estádio para torcer pelo seu time. Benedita enfatiza que mesmo tendo idade para entrar de graça, ela faz questão de comprar o ingresso e comparece aos jogos. “Eu não pego ingresso de graça, não pego nada de graça. Eu compro meu ingresso para ajudar meu clube. Sou sócia do Paysandu há três meses e vou a todos os jogos, inclusive quando o time joga no interior”. Perguntada sobre a estrutura do estádio, ela disse que não tem do que reclamar.

Segundo uma pesquisa feita em 2012 pela empresa paranaense “Pluri Consultoria”, 81% das mulheres entrevistadas não vão ao estádio de futebol pela condição dos banheiros; 64% por falta de segurança; e 34% por falta de cobertura nos estádio contra chuva. A pesquisa foi realizada em seis capitais, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre. (Mais informações sobre a pesquisa, acesse aqui).

Dario X Bira: Jornal Resistência entrevista lendas do futebol paraense

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O Jornal Resistência fundado em 1978 em Belém do Pará com o objetivo de fazer oposição à Ditadura Militar saiu com uma edição extra sobre futebol. Em sintonia com a paixão dos brasileiros na edição nº 1 agosto de 1979, o Resistência publicou entrevista com duas lendas do futebol paraense. De um lado Dario, o rei Dadá, ídolo da torcida do Paysandu. Na outra ponta estava Bira, craque do Remo. O Blog Artilheiras resgata para você o resumo destas entrevistas históricas.

Dario, o Rei Vagabundo

Dario José dos Santos, Rei Dadá, Dadá Maravilha, Dario Peito de aço é um jogador de muitos nomes e muitos gols. Dadá é o quinto maior artilheiro do futebol brasileiro com 926 gols marcados, sendo 26 pelo Papão, onde jogou em 1979. Confira aqui um resumo da entrevista do craque Dadá ao jornal Resistência.

dario“Resistência foi encontrá-lo às vésperas do Remo x Paysandu, ao fim de um treinamento na Curuzu. Dario ou Dadá fala pausado, faz considerações, brincadeiras, admirado como uma possibilidade inalcançável por alguns vendedores de picolés que ainda restam no estádio vazio. Ele mesmo na infância dura e pobre deve ter sido como um desses meninos picolezeiros. Pegou porrada dos homens e da vida.

RESISTÊNCIA- Dá o nome de 5 craques do futebol paraense.

DARIO– No Remo tem o Anderson, o Mesquita, o Bira, o Bebeto, o Luiz Augusto e o Dico, que é um goleiro extraordinário. No Papão temos o Bacuri, o Carlinhos, o Patrulheiro, o Lupercínio e o Evandro.

RESISTÊNCIA– Quanto tu ganhas no Paysandu?

DARIO– Meu salário é 55 mil.

RESISTÊNCIA– Como é que tu vês essa diferença de salário entre jogador local, prata da casa e o jogador dos grandes centros, como é o teu caso?

DARIO– Eu hoje sou o maior salário do Papão, mas há três anos atrás, eu era o menor salário do Internacional. O Figueiroa ganhava quatro vezes mais que eu. Então cada jogador tem o seu valor. Eu não poderia vir para o Papão pra ganhar menos do que ganharia no Atlético Mineiro, no América Mineiro, no Botafogo, etc. eu vim por um salário compatível com minha categoria entende?

RESISTÊNCIA– Dá para viver só de futebol?

DARIO– Dá, eu vivo só de futebol.

RESISTÊNCIA– O que te garantes no futuro?

DARIO– Eu nunca penso no futuro. Eu penso sempre no hoje bem feito. O futuro a deus pertence, entende?

RESISTÊNCIA– Tu penduras as chuteiras com quantos anos?

DARIO– Eu não tenho nenhuma vaidade de pendurar as chuteiras, porque eu nunca fui considerado um craque. O craque, por exemplo, tem que largar a bola antes que ela largue ele. Agora o Dadá nunca vai passar ridículo, eu fiz uma imagem dentro do futebol, sem ser melhor ou pior do que ninguém. Então enquanto eu tiver condicionamento físico pra jogar eu jogo.

RESISTÊNCIA– Como é o relacionamento jogador x cartola?

DARIO– É um relacionamento ainda com muita desconfiança, porque ninguém sabe quem é quem. Nós sabemos que somos alguém quando estamos por cima, , quando estamos produzindo, porque quando o cara cai de produção, ele cai na desgraça. Ninguém confia em ninguém, nem na sombra.”

dario2 FUI CRIADO COM MARGINAIS, SE DORMISSE PERDIA A “INVENCIBILIDADE”

 

RESISTÊNCIA– Como foi a tua infância?

DARIO– Eu não tive infância, porque com cinco anos eu fui interno num colégio e com 18, eu fui para o Exército. Eu fui criado no SAM, com menores desvalidos e marginais. Eu já vi mais de 10 pessoas morrer, assim na minha frente o cara enfiando gilete. Eu não fui marginal porque Deus não quis.

RESISTÊNCIA– Mas quando moleque tu não eras considerado um craque?

DARIO– Nada, nada. Tanto que o meu nome era Dário. Fiquei como Dário até os vinte anos. Quando eu entrei no futebol, eu pensei, Dário tá dando azar, eu vou botar Dario, porque não tem acento mesmo.

Bira “Vou chegar à Seleção Brasileira”

Ubiratã Silva do Espírito Santo ficou conhecido pela torcida azulina como Bira. Campeão paraense nos três campeonatos que disputou pelo Remo, sendo artilheiro nos anos de 1978, com 25 gols, e de 1979, quando fez 32 gols, Bira é até hoje o maior artilheiro do Parazão em uma só temporada. Confira agora a entrevista de Bira.

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“Bira fala como dribla: curta e secamente, sempre em guarda contra uma pergunta mais violenta. E se sente ídolo da torcida do Remo, tem toda a postura de um craque. É tal a confiança que tem em si que, sem nenhum receio garante que um dia chegará à seleção brasileira.

RESISTÊNCIA– Faz um histórico sobre o Bira. Como foi que tu apareceste, como foi tua infância, enfim, como tu te transformaste no Bira.

BIRA– Eu comecei a jogar lá em Macapá, no Esporte Clube Macapá. Eu era juvenil de lá. Aí o Remo foi fazer uma partida lá. E eu joguei contra o Remo e me dei bem. O vice-presidente do Paysandu, que na época era o Stephan, que também estava lá, foi conversar com o papai e perguntou se eu poderia vir para o Paysandu e se eu tava afim, aí eu falei que topava e nós viemos. Veio eu, o Albano e o Aluysio, que é goleiro. Nós viemos pro Paysandu e disputamos todo o campeonato paraense de 76. Aí deu uma confusão comigo sobre negócio de contrato, que eu acabei não podendo disputar o campeonato nacional. E os dirigentes do Remo foram com habilidade comigo e acabaram me trazendo pra cá pro Remo.

RESISTÊNCIA– Quanto tu ganhas no Remo?

BIRA– Eu ganho 13 mil cruzeiros.

RESISTÊNCIA– Que é tu achas do Dario ganhar 55 mil?

BIRA– Eu acho uma ótima. Porque o Dario é um cara tri-campeão do mundo.

RESISTÊNCIA– Existe diferença entre jogador local e o jogador do sul?

BIRA– Em muitos casos há. Por exemplo: a gente não pode comparar o Bira com o Zico, com o Carlos Alberto Pintinho, eu acho que eles têm uma capacidade técnica mais apurada que a gente, que eu, no caso. A capacidade técnica do Zico é superior a minha. Muito mais apurada. Teve condições de desenvolver muito mais que eu. Condições que o próprio clube lhe proporcionou.

RESISTÊNCIA– Melhores jogadores pra ti.

BIRA– Mesquita, Anderson, Roberto Bacuri, Marinho. Pará tem muitos jogadores em boa forma. Agora sabe como é que é, tem problemas de diretoria que não quer soltar o jogador, que prende quando o jogador quer sair, estipula um preço exorbitante.

RESISTÊNCIA– O cartola prejudica o jogador?

BIRA– num ponto prejudica. Por exemplo: se ele achar que a saída do jogador vai prejudicar o clube, ele não vende o jogador. Não quer saber se aquilo vai ser a melhora do jogador. Ele quer saber do clube.

RESISTÊNCIA– Dá pra viver só de futebol?

BIRA– Não, no Pará não.

RESISTÊNCIA– O que tu sabes fazer fora do futebol?

BIRA– Eu sou mecânico de carro, manjo de carro, já trabalhei muito como mecânico. E também, se eu parar de jogar, se eu ficar numa pior, eu vou trabalhar. Não tenho vergonha de batalhar, pode ser ajudante de pedreiro, carpinteiro.

RESISTÊNCIA– Bira, o sucesso te subiu pra cabeça?

BIRA– Acho que não. Não adianta o sucesso se eu ganho pouco. Em relação aos ordenados do Remo eu sou um dos mais baixos. Eu como artilheiro do Brasil, na época do término do meu contrato anterior ganhava 7.500,00. Depois passou pra 13 mil.

RESISTÊNCIA– Nome completo?

BIRA– Ubitatan Silva do Espírito Santo, solteiro 24 anos, gosto de Chico Buarque, Betânia.

RESISTÊNCIA– Tu tens pretensões de chegar à seleção brasileira?

BIRA– Tenho sim. E vou chegar na seleção. Eu sou teimoso”

A íntegra da entrevista você pode encontrar no Jornal Resistência Nº 1 AGOSTO/1979- Edição extra, no acervo do Museu da Universidade Federal do Pará.

Por Ana Lúcia Oliveira e Mayra Leal

O gol contra o preconceito

O mundo foi testemunha por longos anos da luta das mulheres por liberdade e igualdade em relação ao sexo oposto. Em várias áreas da vida, como na política, na economia, no mercado de trabalho, dentre outros, a figura feminina tentou (e ainda tenta) buscar seu espaço em ambientes antes dominado por homens. E essa história se repetiu quando a mulher quis fazer parte de um mundo que, já no seu nascimento, já estava tomado pelo universo masculino: o futebol.

Este esporte, que teve seus primeiros “chutes” na China antiga por volta de 2500 a.C , obteve na Inglaterra do século XIX, o seu grande salto para ser um dos esportes mais populares do mundo atualmente. E foi nesse contexto que surgi Nettie Honeyball, uma ativista política inglesa que fundou o primeiro clube de futebol só com mulheres: o  “Ladies Football Club”. Segundo suas palavras, a sua intenção em formar a equipe serviria para “demonstrar que as mulheres poderiam alcançar a emancipação e ter um lugar importante na sociedade”. Para saber mais sobre sua história, acesse aqui.

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Um dos primeiros times femininos de futebol da Inglaterra.

O tempo passou, vieram as duas guerras mundiais, e mesmo com o aumento do número de mulheres praticando o esporte, o fato era visto como algo inusitado, engraçado, e até como afronta aos valores morais da época, que delegava a mulher apenas as funções de dona de casa e mãe. Tanto que a F.A, a associação de futebol da Inglaterra, não reconheceu a prática feminina do futebol desde o fim da primeira guerra até 1969, quando a federação fundou o ramo feminino do esporte, muito incentivado pelo grande feito do  “English Team”, quando sagrou-se campeão do mundo em casa em 1966.

E no Brasil???

Não diferente dos ingleses , tivemos nossa pioneiras. Há indícios de que a primeira partida de futebol feminino no Brasil foi disputada em São Paulo em 1921, mas não há quase nenhum registro do jogo. O que não se pode dizer o mesmo do primeiro clube a formar sua ala feminina: o Araguari Atlético Clube, em 1958. O que começou como uma forma de ajudar financeiramente um colégio particular na cidade de mesmo nome do clube, se tornou um grande sucesso. Nas cidades onde as jogadoras chegavam, era certeza de público garantido nas arquibancadas. A fama foi tamanha que elas foram capa da revista “O Cruzeiro”, uma espécie de “Veja” da época. Mas, as garras do “moralismo”, furaram a bola das meninas. Exatos 10 meses depois da primeira partida, o colégio onde tudo começou foi proibido de possuir um time feminino. O seu criador, Ney Montes, recebeu uma solicitação para parar com os jogos, tendo como base o decreto-lei do Estado Novo, de 1941 em que proibia a  ” prática de esportes incompatíveis com a natureza feminina”, dentre eles o futebol. Mais detalhes desta história, leia aqui.

Na cidade de Araguarí, em Minas Gerais, surgiu no ano de 1958 a primeira seleção de futebol feminino do Brasil.

Na cidade de Araguarí, em Minas Gerais, surgiu no ano de 1958 a primeira seleção de futebol feminino do Brasil.

Na ditadura, mas um duro golpe, dessa vez em 1965, proibindo as mulheres de praticar o esporte definitivamente no Brasil.

Em 1981, a proibição foi revogada dando o início a uma nova jornada do futebol brasileiro disputado por elas. Em 88, houve a primeira convocação da seleção brasileira feminina de futebol, que conquistou para o futebol brasileiro vários títulos como o dos jogos pan-americanos em Santo domingo em 2003 e no Rio em 2007,  e campanhas de grande destaque como o 2 lugar na Copa do Mundo em 2007 e medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas em 2004 e em Pequim em 2008.

Mais uma vez as mulheres tiveram que provar, por A+B, que eram capazes de fazer algo em que muitos não apoiavam. Elas conseguiram disputar um esporte em que alguns diziam “incompatíveis com a natureza feminina” e a história provou que estes “muitos” estavam errados e que pisaram na bola. Este foi mais um “gol” de vários outros que as mulheres fizeram, para provar que são capazes.

Helder Ferreira